domingo, 29 de maio de 2011

Segurança X Qualidade de vida no Québec

Olá.

Faz tempo que eu estou enrolando para postar sobre esse assunto, preguiça mesmo :)

Vou começar pela segurança, apesar de que os dois assuntos são bons de escrever. Assim que chegamos aqui, eu andava sempre com a bolsa no ombro ou no braço, mas voltada e agarrada ao meu corpo, rs
Demorei para me livrar do medo de alguém vir e puxar minha bolsa. Quando eu saía, sempre tinha esse medo, mas penso que é "normal", afinal a vida toda tive que cuidar da minha bolsa senão ficava sem (quer dizer, sem meu dindin, sem meus adoráveis cartões de crédito e sem meus documentos).

Aqui no Québec não é o paraíso, não é um sonho...mas pode-se dizer que a segurança é muuuiiiito boa. Não conheço outros países ditos de primeiro mundo para poder comparar. Só o Brasil. Então, pode esperar que a comparação vai ser feia :) Brincadeirinhas à parte, mas realmente aqui você pode andar despreocupada com sua bolsinha, da mais fulera à mais cara. Ninguém fica te sondando para puxar sua bolsa ou fica esperando um momento de distração para enfiar os dedinhos dentro dela e furtar sua carteira. Como não nasci ontem, é claro que eu fico esperta, afinal moro em Montréal e tem gente de todo o mundo aqui. E é claro que também tem gente que pode estar precisando, tem muita gente que usa droga, tem gente que está com fome, enfim, tem de tudo como em todo país, porém em menor (infinitamente menor) quantidade.

  • Você pode ir ao bar, naquele que fica na calçada, deixar sua bolsa na cadeira do lado sem problemas;
  • Pode ir ao parque e deixar sua bolsa, juntamente com todos seus pertences em cima da mesinha e acompanhar seus filhos nos brinquedos;
  • Cidade subterrânea? Pode ir, sem medo. O máximo que você vai encontrar são mendigos nas entradas das estações de metrô pedindo esmolas :) é... aqui também tem disso!!!
  • Ir ao cinema ou ao teatro e voltar 1 hora, 2 ou 3 horas da madruga sozinha? Também pode, sem problemas. Eu mesma nunca passei das 11 e pouco da noite, mas conheço muita gente que não tem carro, então volta tarde mesmo, de ônibus ou de metrô.
  • Andar com seu conversível, a qualquer hora do dia ou da noite, sentindo a brisa fresca no rosto? Tudo de bom, super seguro. Eu mesma ando no meu... oh oh ops, estava me esquecendo que ainda não comprei... hehe
E por aí vai...

Tem gente que diz que nas proximidades das estações de metrô de Saint-Michel e de Henri-Bourassa, dependendo da hora, é meio perigoso. Só relatos, porque eu mesma não moro lá, então não sei direito. Mas, como quase todo mundo que vem pra cá vem de um país onde a segurança é pouca... todo cuidado é pouco.

Mas, por mim, posso dizer que o nível da segurança aqui é muito alto. Moramos num apartamento de térreo, sem alguma grade nas janelas ou na varanda. A fechadura da porta da varanda é ridícula, de tão fraca, rsrs. Nos primeiros dias, eu acordava direto, com medo de alguém abrir a porta da varanda. Hoje, mais "acostumada" com a segurança, durmo tranquila. Um dia, perdi meu celular perto de um monte de neve na frente da escola onde meu filho estuda e só notei quando cheguei em casa. Voltei correndo, procurando. E ele estava lá, caido na neve, algumas pessoas em volta, mas ninguém pegou. Aqui, as pessoas costumam deixar o objeto que alguém perdeu no mesmo lugar... se a pessoa voltar procurando, vai encontrar. Pode acontecer de não encontrar também :)
Não acontecem assassinatos? Acontecem. Na grande maioria das vezes, sempre ligado à família ou namorados ou máfia. Ano passado um mafioso italiano foi assassinado dentro da casa dele. Quanto ao cidadão comun, é muito difícil ouvir barbaridades. Aqui, você tem uma idéia melhor, em números da violência aqui. Em 2009, teve 31 homicídios em Montréal e, em 2010, 37 homicídios. Em Ville de Québec, em 2009, teve 2 homicídios e em 2010, cinco homicídios. Realmente aumentou :)

Quanto à qualidade de vida (é claro que a segurança entra na qualidade de vida, mas quis separar os dois). Pra mim, esse termo engloba muita coisa: educação, segurança, saúde, lazer, bem estar físico e mental, poder de aquisição. Acho que tem mais critérios, mas tá bom pra começar.
  • Educação: como todos devem saber, a educação aqui é pública, como em todos os países. Mas tem escolas privadas também. A grande diferença é que a escola pública daqui tem qualidade no ensino. E é obrigatório estudar até os 16 em quase todo o Canadá, com exceção de Ontario e New Brunswick que a idade permitida para largar os estudos é de 18 anos. A educação superior é subsidiada pelos governos federal e provincial, com os estudantes pagando apenas cerca de 17,8% do custo efetivo do ensino. Para quem não tem dinheiro para pagar esses 17,8% restantes, o governo oferece bolsas de estudo, os chamados prêts et bourses. Aqui, você pode saber mais sobre prêts et bourses.
  • Segurança: já mencionei acima.
  • Saúde: todos os québécoises vivem dizendo que a saúde aqui no Québec, como em todo o Canadá, vai de mal a pior. Ainda não experimentei a saúde pública daqui para dizer, de uma maneira bem clara, mas como tenho dois filhos é claro que já precisei de médicos. Então, fui a uma clínica privada que atende a assurance maladie (o sistema de saúde daqui) e dentro de 3 horas estava saindo de lá com tudo pronto. Essas clínicas geralmente fazem quase tudo e a assurance maladie somente não cobre alguns exames mais específicos, mas no geral (exame de sangue, urina, rx e outros) cobre tudo.
    No caso dos meninos, com infecção no ouvido (otite) precisaram tomar antibiótico. Fui à farmácia para comprar o antibiótico e, para minha surpresa, o governo paga todo o valor. Então aqui, para as crianças, você somente paga os medicamentos que você compra sem receita médica, como remédios para tosse, para febre, quando você não precisa ou não quer ir no médico. Para mim (estava com sinusite bacteriana), o governo pagou uma porcentagem "bem pequena" e eu paguei o restante, acho que custou 17,00$ o antibiótico para 14 dias. Fui nesse hospital e gostei muito. Conheço uma brasileira carioca que precisou operar a filhinha dela, acho que de uns 4 aninhos, de hérnia epigástrica. Ela levou a filha no médico ver outra coisa, o médico percebeu a hérnia, perguntou se ela queria operar, ela disse que sim e o médico encaminhou os papéis, dizendo que era preciso esperar. Acho que depois de 2 ou 3 meses (me esqueci quanto tempo ela esperou) eles ligaram oferecendo a vaga para dois dias após. Ela diz que tudo foi ótimo e foi atendida nesse hospital. Já ouvi muita gente dizer que para as crianças, realmente tudo funciona bem e rápido. Agora, se você torcer o braço, quebrar uma perna, mas não estiver com risco de morte, vai esperar mesmo (todos os hospitais tem enfermeiras que fazem uma triagem), algo em torno de 5, 6, 8 horas. Relato de quem precisou. Agora, se você realmente estiver muito mal, chama uma ambulância que você será atendido na hora. Veja bem, se você estiver simulando e eles perceberem que você não está muito mal, vai esperar também :) Eu, particularmente, prefiro as Cliniques medicales, porque você não espera muito (no Brasil, já esperei 2 horas, na minha obstetra, com maior barrigão. Pediatra? Sempre esperava até mais que 1 hora. Isso porque era consultório particular) e não expõe a criança nas emergências dos hospitais. Quando eu estiver dentro do sistema de saúde daqui, faço um post com mais clareza.
  • Lazer e cultura: realmente, Montréal tem muitas opções de lazer. Cultura canadense de língua inglesa e francesa juntas já é de uma riqueza imensa. Junte a isso todas as outras culturas: italiana, espanhola, portuguesa (enfim, de toda a Europa), russa, americana ( do norte (EUA), central e do sul), asiática, oriental...essa variedade proporciona um ambiente multi-cultural imenso e diversificado. Cinemas e peças de teatros, musicais, comédia, museus, a preços bem camaradas e muita, mas muita coisa mesmo, gratuita. Todos os "bairros" possuem seu centro comunitário com quadras de tênis, basquete, piscinas e bibliotecas, tudo bem limpo e organizado. Gratuitos. Tem muitos parques e muitas pistas para andar de bicicleta. Eu adoro a biblioteca de onde eu moro (Île-des-Soeurs). Para fazer a certeirinha (que é gratuita), é só levar comprovante de residência e identidade canadense com foto. Todas as bibliotecas tem internet sem fio. Os centros comunitários de cada "bairro" possuem encartes mostrando o que está acontecendo na região.
Lembrando que o seu poder aquisitivo também vai interferir diretamente no seu bem estar físico e mental, rsrs. Sem dinheiro, não tem quem aguente, rsrs

Desculpem pelo post gigaaaaaante. Mas adoro escrever os detalhes...

Abraços. Boa sorte para quem está no processo.

2 comentários:

Pedro Alecrim disse...

Olá Lucinei ...

Li bastante sobre seu blog, e achei bem interessante. Como posso ver sua expereiência está sendo enorme. Estou me formando em enfermagem e vou começar o francês, gostaria de trocar informações melhores se possivel com vcs. Se possivél mande um email para q possamos conversar.
pedroaalecrim@gmail.com
Obrigado pela atenção.

Pedro.

Pedro Alecrim disse...

Começo aqui o q talves seja pra Sempre !!!